A Trilha das Lágrimas
A partir de 1831, cerca de 80 mil nativos norte-americanos tiveram que deixar
suas terras ao leste e sudeste dos EUA e migrar para uma região onde hoje fica
o estado de Oklahoma, um pouco mais ao oeste, onde foi criada uma grande
área que serviria como um “território indígena unificado”.
suas terras ao leste e sudeste dos EUA e migrar para uma região onde hoje fica
o estado de Oklahoma, um pouco mais ao oeste, onde foi criada uma grande
área que serviria como um “território indígena unificado”.
Só que esta migração não foi nada fácil, nem pode ser considerada um ato de
caridade do governo dos EUA para com os nativos do país.
caridade do governo dos EUA para com os nativos do país.
As cinco tribos “civilizadas” no caminho dos brancos:
Seminole, Choctaw, Creek, Cherokee e Chickasaw. Estes eram os cinco povos considerados “civilizados” pelos governantes dos EUA no século XIX, cinco nações nativas – odeio usar a palavra “indígena” – que viviam há séculos nas terras do leste e do sudeste da América do Norte.
Caminho percorrido pelos nativos. Clique na imagem para ver o mapa maior.
Para eles, deixar as terras e rumar para uma região completamente
desconhecida mais de 1500Km distante de casa foi uma verdadeira
“Trilha de Lágrimas”, porque o governo dos EUA não ajudou no transporte
de uma forma que a distância fosse superada com facilidade e muitos
nativos morreram durante a viagem.
Na verdade, o “Ato de Remoção dos Índios” (Indian Removal Act) assinado em
1830 pelo presidente Andrew Jackson expulsou os nativos de suas terras,
pois a maioria vivia em regiões estratégicas para o desenvolvimento dos EUA,
vitimados por uma crise na produção de alimentos que começou por
volta de 1828 e pode ser considerada um dos principais, senão o principal
motivo que levou o presidente Jackson a assinar o Ato.
1830 pelo presidente Andrew Jackson expulsou os nativos de suas terras,
pois a maioria vivia em regiões estratégicas para o desenvolvimento dos EUA,
vitimados por uma crise na produção de alimentos que começou por
volta de 1828 e pode ser considerada um dos principais, senão o principal
motivo que levou o presidente Jackson a assinar o Ato.
Estes nativos, já acostumados com a presença do homem branco e até mesmo
integrados à sociedade da época – mesmo que de forma marginal – viviam como
povos, digamos, em processo de perda de identidade cultural, causada pela
aproximação com o homem branco e com os descendentes dos negros trazidos
da África para trabalharem como escravos. As nações que mais sofriam na época
com este processo de aculturação eram os povos Cherokees e Choctaw, mas
os outros três povos citados acima também sofriam este processo, em maior
ou menor escala.
Mesmo assim, estes povos gozavam de autonomia política, o que não os proibia
de serem considerados pelo governo dos EUA como cidadãos daquele país, o
que não foi considerado na hora de propor a mudança.
de serem considerados pelo governo dos EUA como cidadãos daquele país, o
que não foi considerado na hora de propor a mudança.
A resistência dos nativos não foi gratuita. Os nativos teriam que deixar
suas terras férteis, úmidas e arborizadas em troca de viver em terras semi-áridas
do centro dos EUA. Como a vida já não era lá uma maravilha, pois os
nativos sofriam uma certa discriminação do homem branco, a remoção foi
marcada, muitas vezes, por intensas discussões das lideranças nativas com as
autoridades norte-americanas e até mesmo uso da força militar, quando necessária.
suas terras férteis, úmidas e arborizadas em troca de viver em terras semi-áridas
do centro dos EUA. Como a vida já não era lá uma maravilha, pois os
nativos sofriam uma certa discriminação do homem branco, a remoção foi
marcada, muitas vezes, por intensas discussões das lideranças nativas com as
autoridades norte-americanas e até mesmo uso da força militar, quando necessária.
Os Choctaw iniciaram a migração em 1831, seguidos em 1832 pelos Seminole.
Os Creeks saíram em 1834 e os Chickasaw em 1837. O povo Cherokee foi o
último a deixar suas terras, não sem antes resistirem à saída. É que eles
sabiam, já na década de 1820, do interesse nas remoções por parte de
pessoas ligadas à administração pública. Assim eles iniciaram um processo de
assimilação com os costumes dos brancos e a sociedade local, trabalhando no
comércio das cidades e das vilas, cuidando de plantações como o homem branco
fazia – e plantando o que o branco plantava – e construindo casas de madeira.
Os Creeks saíram em 1834 e os Chickasaw em 1837. O povo Cherokee foi o
último a deixar suas terras, não sem antes resistirem à saída. É que eles
sabiam, já na década de 1820, do interesse nas remoções por parte de
pessoas ligadas à administração pública. Assim eles iniciaram um processo de
assimilação com os costumes dos brancos e a sociedade local, trabalhando no
comércio das cidades e das vilas, cuidando de plantações como o homem branco
fazia – e plantando o que o branco plantava – e construindo casas de madeira.
Casa cherokee por volta do ano 1820
No caso dos Cherokee, houve o uso da força militar para forçá-los a deixarem
as terras, e cerca de 4 mil nativos morreram nos confrontos até que o povo
cherokee resolveu deixar a região, mesmo com a decisão favorável dada pela
Suprema Corte que permitia os Cherokee manter seus domínios.
as terras, e cerca de 4 mil nativos morreram nos confrontos até que o povo
cherokee resolveu deixar a região, mesmo com a decisão favorável dada pela
Suprema Corte que permitia os Cherokee manter seus domínios.
É engraçado – para não dizer trágico – falar de um fato histórico deste porte
ocorrido em um país que hoje em dia alega defender minorias étnicas quando
aponta seus canhões para outros países e acusa seus mandatários de ditadores.
ocorrido em um país que hoje em dia alega defender minorias étnicas quando
aponta seus canhões para outros países e acusa seus mandatários de ditadores.
A expansão para o oeste ocorrida nos EUA matou milhares de nativos e mutilou
muitos outros, e a “Trilha das Lágrimas foi, de certa forma, um capítulo desta
expansão.
muitos outros, e a “Trilha das Lágrimas foi, de certa forma, um capítulo desta
expansão.
Agora… engraçado mesmo é dizer que a região para onde eles foram havia
petróleo, descoberto tempos depois. Óbvio que nem todos os nativos levam uma
vida abastada proporcionada pelos rendimentos do petróleo – e a extração
nessas áreas nem é tão grande assim – mas algumas famílias de algumas tribos
vivem até hoje da extração deste precioso líquido.
petróleo, descoberto tempos depois. Óbvio que nem todos os nativos levam uma
vida abastada proporcionada pelos rendimentos do petróleo – e a extração
nessas áreas nem é tão grande assim – mas algumas famílias de algumas tribos
vivem até hoje da extração deste precioso líquido.
E, assim como ocorre com outras culturas, os descendentes dos homens e
mulheres que enfrentaram a “Trilha das Lágrimas” hoje vivem como
fazendeiros, professores, agricultores, advogados… enfim, completamente
inseridos na cultura do “homem branco” e dos EUA, mesmo guardando nas
veias suas origens e nas tradições orais que ainda são passadas pelas famílias,
suas histórias e lendas.
mulheres que enfrentaram a “Trilha das Lágrimas” hoje vivem como
fazendeiros, professores, agricultores, advogados… enfim, completamente
inseridos na cultura do “homem branco” e dos EUA, mesmo guardando nas
veias suas origens e nas tradições orais que ainda são passadas pelas famílias,
suas histórias e lendas.
by: Históriazine