domingo, 3 de novembro de 2024

PEI - Programa Ensino Integral.


 Creio que o primeiro tema de reinicio desse blog deve ser o PEI - Programa Ensino integral, já que eu tenho 10 anos de experiência nesse modelo de ensino, acredito que posso contribuir, pelo menos um pouco, sobre esse assunto.

Antes de outras observações quero destacar que profissionalmente o PEI me proporcionou um saldo muito mais positivo do que negativo durante todo esse tempo de prática e o aprendizado que eu tive nesse período foi muito valioso tanto para minha vida profissional, quanto para a pessoal.

"FOCO NA SOLUÇÃO" é uma frase que adotei pra mim em todos os sentidos e atualmente tenho pouca paciência para falar de problemas sem ter uma solução em vista.

Isso é bom e ruim, mas é assunto para outro post e outro blog

Esse modelo, essa ideia de ensino começou lá em Pernambuco pelos idos dos anos 2000 e chegou em São Paulo em 2012 em poucas escolas como "teste" e na minha região a primeira cidade a receber uma escola PEI foi Sumaré.

Na Diretoria de Ensino de Americana, o modelo chegou em 2013 em duas escolas que tornaram-se referência. Havia, como acontece com toda novidade,  uma enorme desconfiança em relação ao ensino integral, tanto questões sociais dos estudantes do E.M. que precisavam trabalhar e não poderiam estudar em período integral, quanto a maior cobrança sobre educadores e a escolas  em relação as metas e objetivos que deveriam ser alcançados, já que o governo investiria em infraestrutura (reformas e equipamentos) e mão de obra dos professores. (uma gratificação por dedicação exclusiva ao programa).

A escola onde me efetivei em 2013 e trabalhei por 10 anos, tornou-se PEI em 2014.

Assim, posso dizer que eu estava lá desde o inicio, como se diz nos dias de hoje, desde que tudo era mato. 

Houve resistência da comunidade escolar a implantação do modelo; o inicio tortuoso, a falta de materiais e recursos era desesperadora em relação as cobranças que sofriamos, porém, aprendemos na prática o que dava certo ou não naquela unidade escolar. 

 Eu vi o desenrolar do processo transformação que é tornar uma escola comum, regular, com todos os problemas que podem ser listados quando se pensa em escolas: indisciplina, incivilidades e tráfico, em uma instituição de ensino de excelencia e referência na DERA, onde as crianças querem estudar, que os pais confiam em deixar seus filhos e existe fila de espera para vagas em quase todos os anos séries ; já há alguns anos.

Foi muito difícil no inicio, em inúmeros momentos tive vontade de desistir, e acordava pela manhã com a terrível sensação de não saber porque estava indo trabalhar, já que nos primeiros 5 anos os resultados eram muito intangíveis.

Foi apenas depois desse período que a escola de fato parece ter se moldado ao PEI e as crianças chegavam lá já sabendo um pouco como seriam as coisas lá dentro e muito mais preparadas para enfrentar o ensino integral e assim, os resultados começaram a aparecer e se tornaram tangíveis em muitos aspectos.

O PEI me tornou a professora que sou hoje de tantas formas, mas creio que as principais são: educar com amor e enxergar o estudante para além do aluno - ter empatia me fez uma ótima tutora, modéstia a parte e essa é uma das atribuições do PEI que mais gosto, a tutoria. Me permitiu conhecer outros universos ao trabalhar eletivas com professores de diferentes áreas do conhecimento como língua portuguesa, matemática, artes e ciencias  - proporcionando momentos incríveis para muitos adolescentes em sala de aula e fora dela, além de garantir bons amigos para a vida.

Mas não se enganem, escola é escola e onde existem pessoas, muitas delas juntas, certamente existem problemas; mas eu acredito que o Foco na Solução sempre foi um diferencial daquela equipe.

De 2014 a 2023  muitas crianças e jovens passaram por lá, por mim, por nós e  vi a evolução e desenvolvimento de muitos deles de forma bonita e muitas despedidas dolorosas, de alunos que tinham que sair e não queriam, ou por ser final de um ciclo ou por não ter escolha em alguns momentos.

Eu acreditei tanto do Ensino Integral que minha filha estudou onde eu trabalhava do sexto ao nono ano e agora em 2024 ao ser obrigada a mudar de escola para ir para o Ensino Médio, teve um choque de realidade que a desestabilizou muito, pois, de fato a escola é muito acolhedora.

Assim como ela, também mudei em 2024 e ainda estou construindo meu lugar na nova escola. Não devo comparar, não gosto de comparar, mas as vezes é automático e preciso me policiar para não falar mais do que devo.

Tenho que respeitar a realidade dessa nova UE, afinal, estou chegando agora, não participei do processo e embora minha experiência possa trazer algumas coisas boas, pode também atrapalhar o processo deles, que agora é meu também.

RESPEITO AO PROCESSO, ISSO É PEI.

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